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sábado, 10 de julho de 2010

Audi A8

A última grande reformulação do A8 havia ocorrido em 2002. Era um atraso tecnológico muito grande para um segmento que trazia concorrentes do porte de BMW Série 7 e Mercedes-Benz Classe S, em 2009 e 2008, respectivamente. Talvez por isso a Audi tenha se esforçado tanto para não somente tirar esse atraso como para dar um passo à frente dos rivais com seu novo sedã de luxo, apresentado na Europa em fevereiro. “Este A8 nasceu para ser o mais inovador de sua categoria”, afirma Rupert Stadler, o presidente mundial da Audi.
À primeira vista pode parecer que essa inovação ficou aquém do esperado. Afinal, seu visual não é nenhuma revolução em relação à geração anterior. De fato ele parece mais um A4 anabolizado. Mas há muito mais nesse sedã de luxo que novos faróis de xenônio circundados por leds, uma enorme grade frontal de oito barras horizontais ou as belas lanternas traseiras de leds. Quando o assunto é estilo, o chefe de design alemão Wolfgang Egger deixa claro que preferiu jogar na retranca. “Fazer um novo A8 era um desafio diante do sucesso da versão anterior”, diz Egger. Assim, ele trabalhou mais numa evolução sóbria no desenho que uma ruptura radical. “Buscamos um estilo durável”, afirma Michael Ehlers, diretor de produto.
Quem vê a clássica e plácida lateral se surpreende com o que encontra porta adentro. A começar do espaço interno – ele espichou 4,8 cm no entre-eixos – e da ergonomia – a alavanca do câmbio tem manuseio mais fácil e o volante oferece maior amplitude de ajustes. Na mecânica, o V8 a gasolina desenvolve agora 372 cv (22 cv a mais que o antigo) e 44,6 mkgf (0,5 mkgf a mais). Com isso, ele acelera melhor que muito esportivo: 5,7 segundos no 0 a 100 km/h, contra 6,3 do A8 anterior, segundo os números de fábrica. E o melhor de tudo: com redução de 13% no consumo.
Injeção de tecnologia

A façanha só foi possível devido a um aperfeiçoamento na injeção direta, que pulveriza a gasolina na câmara de combustão a uma pressão de 140 bar, o que proporciona uma queima mais eficiente. A isso se soma um sistema de recuperação de energia parecido com o que há no BMW M5: a energia dissipada nas frenagens é transformada em eletricidade, que vai alimentar a bateria, sem necessidade de roubar energia do alternador para recarregá-la. Também foi incorporada a tecnologia Stop and Go, que corta o motor em paradas rápidas, como na espera em um semáforo.
No entanto, é ao volante que você notará onde está toda a inovação da qual falou o presidente da Audi. Esqueça aquela história de calibrar suspensão ou programação do câmbio. Neste sedã, você pode escolher entre dezenas de estilos de pilotagem. Dá para ajustar, um a um, a altura da carroceria, a rigidez do amortecimento, o ronco do motor, a programação do câmbio automático (que tem oito marchas!), a resposta do volante e do acelerador, entre outros parâmetros. Com tantas opções, é quase impossível não achar um estilo que se encaixe no perfil do condutor, seja ele um tranquilo chofer levando o patrão de volta ao trabalho, seja um motorista com alma de piloto.
Pude perceber isso durante nosso test-drive no sul da Espanha. Assim que empurrei o cartão eletrônico (que substitui a chave) e apertei o botão Start, percebi como esse Audi é obediente, mesmo a 130 km/h no asfalto molhado da Autopista del Mediterráneo. Em um trecho recheado de curvas de serra, ainda sob chuva, o A8 manteve-se esperto, estável e silencioso. Nem parecia ser um carro de 5,13 metros e 1 835 kg, tal o seu equilíbrio. Pode agradecer à transmissão integral nas quatro rodas e à suspensão pneumática com braços de alumínio e amortecedores inteligentes.
Também não faltaram novidades tecnológicas em outras áreas, como o Predictive Road Data, que acessa os dados do navegador GPS para preparar o veículo para as condições de rodagem que vêm pela frente. Assim, se a estrada reserva um trecho sinuoso, o sedã chegará ao local com as marchas devidamente reduzidas. Quando a noite cai, a pilotagem conta com o auxílio de instrumentos. Está escuro e repentinamente surge um pedestre à frente? Prontamente, um radar com raios infravermelhos detecta o calor do corpo e emite um alarme, dando tempo para a freada.
Outros sensores se incumbem de vigiar os faróis e calibrar sua luminosidade para as melhores condições na estrada. Uma câmera situada no retrovisor interno vigia os veículos que vêm no sentido oposto, reajustando os faróis do A8 para que não ofusquem os demais motoristas. Outro pulo do gato dos engenheiros foi integrar a iluminação ao sistema de navegação. “Assim, ele antecipa o funcionamento dos faróis”, diz Ehlers. À noite, diante de um cruzamento perigoso, por exemplo, o foco dos faróis será mais largo. Sob chuva ou neblina, o foco será intenso e dirigido.
Uma grande novidade no A8 é o sistema Multi Media Interface (MMI). Ele permite baixar do Google Maps para o sistema de navegação uma rota previamente planejada em casa. É possível usá-lo ainda para buscar hotéis ou restaurantes, que aparecerão nos mapas. Tudo acessado por uma tela sensível ao toque, na qual é possível até escrever a mão um endereço para o sistema de navegação ou um número de telefone para o celular. Nem o iPhone faria melhor.


O A8 chega em um momento especial para a Audi. Apesar de suas vendas terem caído 5,4% em 2009, os resultados foram melhores que os de BMW e Mercedes- Benz. Resultado: a marca das argolas encurtou a distância para os vizinhos e prevê que em cinco anos vai ultrapassá-los. Isso explica a atual ofensiva de produtos em segmentos tão diferentes como o do A1 (um compacto recém-lançado para disputar clientes com o Mini, da BMW). Resultado: onde há uma década se viam apenas oito modelos diferentes, hoje há quase três dezenas. Potente, luxuoso e cheio de tecnologia, o novo A8 tem como objetivo ajudar a empresa a reduzir a distância da Audi para suas duas rivais alemãs. Qualidades e truques ele tem de sobra.

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